quinta-feira, 30 de junho de 2016

Pedais top de linhas, clones ou de boutique?


          Não é de se admirar que o guitarrista brasileiro (sem querer generalizar, mas já generalizando), têm, incutida na mente, a seguinte lógica: “Pedais handmade? São clones de marcas produzidas em série. Pedais de boutique? São pedais handmade!”. Com essa lógica, tudo que é produzido de forma manual, de forma “não em série”, é pedal “cópia”! Será? Pedal clone é mesma coisa que pedal de boutique?

          Esclarecimento: Pedais de boutique e pedais clone são, ambos, handmade. Porque não são produzidos em série (em linha de montagem), são feitos um a um.



Sobre os Pedais Clone:

          São pedais montados a partir de esquemas baixados da internet, não temos como saber se tais esquemas são fiéis ou não (mas... quem entregaria o ouro?). Esses pedais podem, ou não, refletir o original produzido em linha.


Esquema do Cry Baby - Esse nunca foi copiado! Wha Wha Wha Wha... (risada sarcástica!)


Supondo que os esquemas sejam fiéis, temos cinco questões a ponderar:

1 - Quem monta, pode usar componentes com valores (não estou me referindo a cifras) aproximados dos originais, porque não encontram componentes com os valores exatos dos componentes descritos no esquema, ou porque os componentes que estão descritos no esquema custam muito caro. 

2 - Por ser um processo manual, a soldagem pode afetar a vida útil de alguns componentes. 

3 - A falta de instrumentos profissionais de medida impossibilita uma avaliação final da qualidade e do quão próximo o clone está do original (e convenhamos, o ouvido não é um teste final válido).

4 – A montagem pode ser feita com a falta do real cuidado necessário, e, com o tempo, oxidações, mau contato, curtos, etc., podem aparecer.

5 – O desconhecimento de determinadas regras de montagem podem acarretar em um circuito com defeitos intermitentes de difícil solução.


          Vamos supor que você tenha um pedal clone sem as questões acima listadas, temos, então, que levar em conta um fator: O Som! (Lembrem-se, o ouvido não é um teste final válido, mas você, que comprou o clone não sabe se o cara que fez o pedal realizou testes de qualidade). O som agradou? Você gostou? Se sim, seja feliz! (E torça pra que nada listado acima venha assombrar).


Clone do Ibanez TS-808

 TS-808 sem dúvidas, um dos pedais mais clonados no mundo.


Mas existe um bom clone?

          Sim! Um bom circuito clone é aquele que, injetado um mesmo sinal de entrada, produz na saída as mesmas curvas características do pedal original produzido em linha.


Mas, qual a desvantagem do pedal clone? 

          Gasto financeiro versus vida útil. Quero dizer que, sinceramente, clone é loteria. Não temos como mensurar quanto tempo um clone vai durar, pode durar meses, ou anos, mas, pela incerteza de sua durabilidade, o certo a se fazer é economizar uns tostões a mais e pegar o original (ou entrar no incrível mundo dos pedais de boutique).



Sobre os Pedais de Boutique:

          Pedais de boutique não são clones, não são feitos buscando a economia obtida por “montar pedais em casa” e tampouco feitos com o intuito de, algum dia, virarem produto em série. 

          O mercado brasileiro de consumo de pedais está na contramão dos gringos, aqui os handmade são clones, aqui os pedais de boutique são “clones” de grandes marcas de pedais top de linha produzidos em série (é dúbia a diferença entre pedal clone e pedal de boutique). Aqui na terra brazuca, "top" é ter um bom pedal de uma grande empresa (que produz pedais em série). 

          Nos States é justamente o contrário, quem tem dinheiro compra os pedais de boutique. Quem não tem compra BOSS, MXR, Digitech, Electro-Harmonix, Vox, etc. A realidade Norte Americana é outra, se os caras (dos pedais de boutique) não fizerem pedais melhores do que os top de linha, eles estão fora do mercado. Lá, a qualidade é fator determinante para sobrevivência de qualquer empresa. 

          Se você observar o pedalboard dos Guitar Hero da Gringoland, dificilmente verá algum pedal produzido em série. A busca, lá, é por pessoalidade no som, por pessoalidade no timbre, e somente um bom pedal de boutique pode conferir ao seu som uma qualidade não encontrada nas produções de pedais em série (mesmo nas grandes empresas).

          Temos, aqui no Brasil, que mudar a mentalidade, valorizar os pedais de boutique feitos em nosso solo. Pedais clones são handmade, pedais de boutique são handmade, porém a proposta dos pedais de boutique é fazer pedais conceito, robustos, fiéis, diferenciados, carregados de características próprias. Já os clones são cópias, na maioria das vezes cópias baratas de seus originais produzidos em série.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Palhetas? Qualquer uma serve! Será?


Palhetas podem alterar o timbre da guitarra?

          A palheta, em um olhar superficial, parece ser a ferramenta mais simples utilizada por um guitarrista, entretanto, se trata de um elemento importantíssimo. Temos de ter ciência disso. O guitarrista que nunca explorou os tamanhos, espessuras, materiais e outras nuances da palheta, deve dar mais atenção a mesma.

          A história da origem palheta nos leva, pelo menos, ao império egípcio. Desenhos de instrumentos sendo tocados com penas e outras “formas” de palhetas estão encravados nas paredes das pirâmides em desenhos e figuras. Casco de tartaruga, osso, marfim e pedra eram os materiais usados para a construção das palhetas no início da sua origem. Hoje, os materiais empregados para sua confecção são inúmeros, porém, menos perigosos para os répteis, elefantes e baleias que no passado. Todos esses materiais têm um grande impacto sobre o som e tocabilidade.


O que temos que ter em mente ao escolher a palheta correta? 


Tamanho é documento!

          Em via de regra, o tamanho normal de um palheta está entre 3 cm de comprimento 2 de largura, porém existem nos mais variados tamanhos e formas. Jazzistas preferem, muitas vezes, as menores, porque promovem o contato da corda com os dedos. Isso cria um timbre mais “silencioso” e mais quente. A maioria dos músicos do rock, country e blues tem uma escolha de tamanho padrão, que é grande o suficiente para segurar firmemente e evitar o contato acidental dos dedo com as cordas, outra característica é que possa ser segurada facilmente entre os dedos para permitir o uso de técnicas diferentes.


Diferentes formatos.

Os Materiais!

          Nos dias de hoje as palhetas são confeccionadas de plástico: nylon, polietileno, celuloide e outros. Palhetas construídas com material de casco de animais são raras, mas ainda podem ser encontradas. Bronze e aço também podem ser encontrados com certa facilidade, assim como madeira. Em geral, quanto mais duro o material mais brilhante e maior ataque terá o som produzido. Abaixo, alguns exemplos de material empregados na confecção das palhetas.



Madeira.

Pedra.

Vidro.

Acrílico.

Espessura?

          De um modo geral as palhetas finas são ótimas para tirar som dos violões. As mais grossas são, quase sempre, identificadas como ‘média’, ‘pesada’ ou ‘extra pesada’, e são apropriadas para instrumentos elétricos. Usar uma palheta fina para tocar com um som distorcido (drive) pode diminuir a definição do fraseado dos solos, entretanto, palhetas finas podem acentuar o som de notas individuais dos acordes em guitarras acústicas.


Elas duram?

          Palhetas finas desgastam rápido, e, logicamente, quanto mais grossa a palheta, mais tempo levam para desgastar. As palhetas de metal são 'eternas'. A força empregada na execução de notas palhetadas quando usamos a técnica de palhetada alternada pode fazer com que a palheta escape entre os dedos, e assim, interferir na precisão, timbre e definição do solo. Portanto o tamanho da palheta deve ser adequado ao seu estilo de tocar.



Metal.

Que Estilo Tocas?

          O tipo de música que você toca também é importante. É som pesado? Palheta pesada (mais grossa). Guitarristas do gênero metal são propensos a ter palhetas grossas de 1,5 milímetros ou mais. Estas também são as mais indicadas para cordas de calibre pesado (mais grosso) que são frequentemente utilizadas para afinação (mais baixa) das bandas de metal. Músicos de jazz que utilizam cordas enroladas planas também têm preferência (quase sempre) por palhetas pesadas (mais grossas).


Espessura.

          Por vezes as lojas de música expõem as palhetas de acordo com a sua espessura. Segue uma lista de medidas para os diferentes padrões de nomenclaturas usados no mercado: palhetas finas geralmente são de 0,44 milímetros ou menos; médias variam de 0,45 a 0,69 milímetros, palhetas pesadas estão entre 0,85 a 1,5 e extra pesadas 1,5 milímetros ou mais.


Promova sua imagem.

          As palhetas são uma forma barata promover sua imagem. Existem muitos fabricantes de palhetas customizadas que podem imprimir seu nome ou o logotipo de sua banda, site, etc., sobre os seus produtos e na maioria das vezes por menos do que você pagaria por palhetas em uma na loja. Além do que, é um ótimo cartão de visitas.



Customizadas (personalizadas).

Considerações.

          Palhetas pesadas e menos flexíveis são normalmente mais difíceis de se manter no lugar correto, entre os dedos. O nylon tende a escorregar mais facilmente que o plástico, mais maleável, e palhetas mais grossas são mais difíceis de controlar do que os modelos médios. O segredo é encontrar uma palheta que se mantém relativamente estável entre os dedos, capaz  reproduz o timbre que você imagina e ser mais adequada às técnicas empregadas. Algumas palhetas têm um revestimento ‘áspero’ que ajuda na aderência dos dedos. Existem algumas com um centro flexível, que teoricamente permite uma melhor aderência, e uma forma de variar o ataque aplicando diferentes graus de pressão dos dedos a palheta, isso mesmo, a quantidade de força (pressão dos dedos) aplicada ao segurar a palheta tem influência direta sobre o timbre.


Conclusão.

          A palheta é de suma importância no contexto do seu timbre, portanto; pesquise, teste, opte por experimentar várias palhetas de espessuras e principalmente de materiais diferentes, com certeza você ganhará em conhecimento e encontrará a palheta ideal para dar vida ao seu som.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

A vez dos Simuladores de Amplificadores.


Simulador de Amplificadores Para Guitarra.

          Alguns anos atrás, em uma Oficina de Pedais, depois que terminei as explanações, trocando ideias (informalmente) com os presentes, falamos sobre inúmeros assuntos pertinentes à música. Captadores, pedais, pedaleiras, plug-ins etc.! Entretanto, recordo de termos falado muito sobre simulador de amplificadores, e minhas últimas palavras foram: “Em alguns poucos anos, os simuladores de amplificadores chegarão a ser confundidos com seus respectivos modelos de amplificadores reais”.


Logic Pro X - Amp Designer
Ainda, simulações de gabinetes, falantes e posicionamento de microfone.


          Muitos já usam, através de pedaleiras, Logic Pro X, Guitar Rig, Amplitube, Waves (plug-ins) etc. É algo extremamente comum hoje em dia, porém, percebo que existem guitarristas e produtores, bem como aspirantes a guitarristas que tem muitas dúvidas a respeito de simuladores de amplificadores, e até confundem a real intenção dos simuladores de amplificadores.


Guitar Rig


         A real intenção dos simuladores é: praticidade, objetividade e economia. É um software onde obtermos timbres característicos de excelentes amplificadores valvulados, podemos realmente chegar a sonoridades características de amplificadores reais (de quebra simulam também salas, gabinetes/falantes, microfones e posicionamento de microfones).
          Ainda, existe uma fatia do mercado que não tem poder aquisitivo para adquirir um bom amplificador valvulado, devido ao alto custo de produção do mesmo, e está sendo plenamente satisfeita pelos fabricantes de simuladores de amplificadores, vez que o custo de um bom simulador agrada bolsos menos privilegiados.


Amplitube 4
Ainda, simulações de gabinetes, falantes e posicionamento de microfones.


Que São Simuladores? Como Funcionam?

          Zakk Wilde (o grande Zeka Selvagem) um dia afirmou: “Não há como reinventar a roda, ou seu som terá características de Marshall, de Fender ou de Mesa Boogie”.

          O que ele quis dizer? Simples, existem três tipos de sonoridades básicas, um com características bem ‘limpas’ e cristalinas, estaladas e com leves níveis de saturação (nosso amigo Selvagem referia-se aos Fenders). Outra característica são os que tem um timbre “selvagem” (desculpem o trocadilho, mas Zeka Selvagem é demais), bons médios, ótimos agudos e com um volume estrondoso (aqui temos o Marshall JCM 800, um clássico). E uma terceira característica, são os que possuem linhas densas e pesadas, grandes níveis de médios obtidos pelos magníficos amplificadores High Gain (olha o Mesa Boogie aí), na mesma onda, temos os Laney, Soldano, Peavey etc.


POD XT
O Red bean, modelo ultrapassado, porém funcional. 
Confira o vídeo abaixo, usei apenas o simulador de amplificador, não largo dos meus pedais analógicos.


          Sendo prático, amplificadores possuem certas e boas características, porém eles sempre trazem algo em comum, e não há pra onde escapar, afinal “Não há como reinventar a roda...”. Essa afirmação do Zakk escancara o segredo e as funções dos simuladores, eles trabalham através de equalização!

          Os amplificadores são dissecados, analisados a fundo, e seus timbres e características são reproduzidos através de equalizadores. Bingo! E, de fato, é assim que os amplificadores (reais) trabalham.


Então... Os simuladores de amplificadores conseguem suprir a falta de um amplificador real?

          Obviamente que sim. Coloquemos as cartas na mesa, eles (os simuladores) ainda não estão ao lado dos amplificadores reais, pois ainda preferimos levar ao palco nossos bons e velhos Fenders, Marshalls e Mesas ao invés de um notebook ou uma boa pedaleira (como a POD HD500 por exemplo), mas em estúdio os softwares estão enganando muita gente experiente. Quem, afinal, pode afirmar que no meio do ‘bolo’ (da música) certa base, riff ou solo foi gravada com simulador? Reforço minhas palavras de anos atrás: “Em alguns poucos anos, os simuladores de amplificadores chegarão a ser confundidos com seus respectivos modelos de amplificadores reais”. E este dia chegou.

          Esclarecimento: existem certas coisas (no contexto da produção real do som) que são difíceis de simular. A ação das válvulas, um bom gabinete e um bom falante (apesar que a Line6 está arrasando nesses quesitos), feedback, aqueles harmônicos que não cansam de escapar em um bom valvulado, até mesmo o ar (onde o som viaja) entre o falante e o microfone. Enfim, qualquer circunstância pode, em via de regra, interferir positivamente (ou não) na produção real do som. 

          Usei, no vídeo abaixo, um POD XT, modelo já (a muito tempo) ultrapassado, mas que, sem dúvida, simula muito bem o som de um bom amplificador real.





          Portanto pessoal, é de suma importância nos abrirmos a novas tendências, entender as possibilidades e onde a tecnologia poderá nos levar. Simulador de amplificadores? Realmente funcionam (e pra quem tem um home studio em um apartamento como eu, eles são realmente necessários).